Quando eu acordo e não estou muito bem eu já sei quem eu devo ouvir para começar bem meu dia, Felipe Neiva!

Cantor, compositor e produtor musical do Rio de Janeiro, Neiva é um artista prolífico, inquieto que sempre parece encarar o próximo trabalho como se fosse o primeiro. Mas em “tanto.”, seu sétimo álbum de estúdio, ele fecha um ciclo e inicia outro, se expondo e abrindo reflexões sobre gênero, raça e sobre ser um jovem adulto em um mundo com poucas esperanças pro futuro. O novo disco encerra a série “Guerras íntimas” iniciada em “filho.”, de 2019, e está disponível em todas as plataformas de música digital via Cavaca Records.

Mais antes te convido a viajar nos detalhes de cada canção desse álbum tão especial!

Desire: é um uma versão beta de funk carioca (cantado em inglês) que se situaria entre os anos 90/início dos 00. Ele introduz o álbum com uma certa sensação de claustrofobia fruto da sensação de se ter cometido um erro no amor, ao ter acreditado em alguém que não era confiável. Temática comum ao samba, o desamor e o desengano como tema da música popular do Rio traduzidas numa língua que não é sua casa e aludindo à “máquina desejante” deleuzo-guattariana. É uma música sobre desejo.

Tilele: é um brega que trata das idealizações que se fazem pra preencher espaços vazios de uma relação. Uma espécie de amor não-correspondido por uma pessoa “tilele”, “cirandeira”, “neo-hippie”. Musicalmente, várias ideias e timbres que eu considero “bregas” (por exemplo, as guitarras de hardcore/heavy metal), jogando com a própria ideia do que é brega e kitsch.

Amor-Vício: Se jogar num amor pra esquecer de tudo. Depositar demais numa relação sexo-afetiva. Tentar amar alguém por que você não se ama. E precisar dos aplausos de alguém por que você não se admira. Uma relação insustentável consigo e com o outro, apesar de inicialmente funcional. Uma espécie de “relacionamento ansiolítico”.

mEu: Fantasiar demais sem os pés no chão, acreditando no invisível e na magia que, no fim, nunca chegaram a acontecer.

FORA!: A política como parte da vida. “Na verdade, eu só queria…” poder viver a minha vida em paz. Mas a vida e a política pública são cheios de personagens escusos, falsos e traiçoeiros e a música traz a esperança de que um dia os farsantes caiam.

Nós: Um retrato micro-geracional da minha bolha pessoal. A internet como um lugar inócuo de produção de discurso pra gente cheia de opinião. Fala-se muito e todo dia, mas fica em silêncio exatamente o essencial do que devia ser dito e de como isso vai deixando “nós na garganta” geracional.

Mata Atlântica: Lutas femininas. Se Marte é o deus da guerra na mitologia romana, aqui eu clamo no fim da música por uma “Marta” Atlântica, aludindo a uma entidade feminina guerreira e fictícia que habita o bioma Mata Atlântica e pode ser capaz de dar estratégias e ferramentas de luta a quem é oprimido.

Não dá mais pra mim: O limite. Ansiedade social e depressão como um lugar. “É difícil” como “edifício”. Um grito de cansaço e desespero pela simples existência.

Guerras Íntimas: O vácuo que fica no fim de um relacionamento. Alguém tentando catar os pedaços do que “um dia já foi” e se preparando para se jogar na próxima relação, simplesmente por carência. Buscando amor em qualquer lugar. Aquelas batalhas que a gente trava com a gente mesmo e, muitas vezes, perde.

Moléstia-Vida: A busca pelo equilíbrio por fim. Entre uma voz masculina (yang) e uma feminina (yin) a busca por entender a dor primordial de existir. Um mergulho nas cores e nos afetos do cotidiano.

Agora chegou a hora mais especial dessa viagem, ouvir e sentir cada som na voz de Felipe Neixa.

FIQUEM
LIGADOS QUE EM BREVE TEM MAIS MÚSICA AQUI, HEIN? TE ESPERO! ABRAÇO GRANDE,

@MAAHMUSIC

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