Leitores viciados em música.
Minha indicação de hoje é a banda Mindgarden.
Formada em 2009, compõem atualmente a banda: Marcelo Moojen (vocal e guitarra),
Luis Fernando Alles (vocal e guitarra), Mateus Mussatto (bateria) e Mairo
Ferreira Ramos (baixo). A Mindgarden (em tradução literal, jardim da mente)
nasceu como uma banda de música instrumental e inseriu vocais pouco tempo antes
de lançar seu primeiro EP, em 2012. Desde a sua formação inicial, tocou em
diversos festivais da região Sul do país e teve sua música bem propagada na
mídia especializada. O som é uma profusão de influências que passam pelas ondas
psicodélicas e progressivas dos anos 1960 chegando ao rock alternativo atual. A
banda confessa que a região da serra gaúcha e seu clima de montanha do extremo
sul do Brasil também influencia naturalmente no som: a música
rural-contemporânea-psicodélica, como sugerem os integrantes. Em 2013 a
Mindgarden lançou seu videoclipe “Up in the Sky”, com a direção do cineasta
Daniel de Bem. No vídeo, a paisagem rural da região e a paisagem urbana se
misturam em uma road trip, traduzindo a dualidade de uma cidade nesses tempos
de desenvolvimento acelerado.

O sucessor do homônimo EP, lançado em 2012, foi
batizado de “Cellophane”, palavra em inglês que nomeia a película feita
de celulose que possui fácil moldagem, é sensível ao corte e protetora ao mesmo
tempo. Esse paradoxo permeia o inusitado conceito como um vetor de orientação
estética e visual para o álbum. São dez faixas, com letras que relatam
vivências cotidianas, existencialismo e questionamentos à sociedade moderna com
sonoridade que varia entre influências e timbres vindos de diferentes
vertentes. Algo de Post-rock, Stoner Rock e Psicodelia, tendo como base ritmos
de bateria e percussões que fazem a junção de texturas e melodias vocais duplas
transformarem-se em verdadeiros mantras.
Já a produção do álbum foi uma construção
minuciosa, começando pelo local onde foi realizada a maior parte das gravações:
uma antiga residência rural em meio a natureza, que abriga os ensaios da banda
desde seu surgimento. “A sugestão veio do produtor musical Carlos Balbinot,
com o conceito de captar a banda ao vivo, na sua mais pura essência”
relata
o vocalista e guitarrista Marcelo Moojen. Para isso, a Noise Produtora de Áudio
instalou 20 microfones pela velha casa de madeira e, em dois dias, o
instrumental estava captado.
A arte da capa criada por Leo Lucena, que além de
ilustrador e artista gráfico, é membro das bandas conterrâneas Catavento e
Descartes apresenta uma montanha que é atingida por uma energia que vem de cima
e, ao mesmo tempo, emana sua própria energia. “A montanha representa a cidade
de Caxias do Sul, enquanto a variedade de cores representa sua cultura plural e
multifacetada, que se mistura e se transforma a cada encontro, gerando novas
cores.” explica Marcelo Moojen, vocalista e guitarrista da banda, que além de
gerar o conceito, fotografou o processo. “A técnica usada para o design da capa
foi um pouco incomum: foi feita uma colagem com celofane transparente, fita
adesiva e filtros. Assim, a luz branca dividiu-se em outras cores através do
fenômeno conhecido como birrefringência” complementa Marcelo.
O álbum físico foi lançado em CD pelo selo Honey
Bomb Records no último dia 11 de novembro e foi fomentado pelo Financiarte, uma
política pública de incentivo à cultura da Prefeitura Municipal de Caxias do
Sul.
SOBRE
AS LETRAS:
O álbum essencialmente trata de questões
existenciais e do cotidiano, trazendo também algumas críticas à sociedade
contemporânea. A faixa título do álbum, “Cellophane”, fala sobre a
rotina muitas vezes sem sentido que nos aprisiona, sem fazermos qualquer
questionamento ou até mesmo sem perceber a sua existência e o que está por trás
dela. “Open” fala sobre o medo de mudanças, tanto por julgamentos
externos quanto internos. “Empty Days” chama a atenção para o tempo,
finito e por vezes desperdiçado em dias banais, como se a vida fosse eterna.
Divagações e analogias da existência humana e do astro-rei, o Sol, aparecem em
duas músicas, “The Silence of the Sun” e “Solstice”.
“Brand New Seven” talvez seja a faixa mais existencial do álbum,
falando sobre a busca de força interior e a vontade de descobrir o mundo e a
si. “Psycho” tem como tema o egocentrismo nas relações humanas.
“Bossa Velha” fala sobre despedidas, sobre o que podia ter sido mas
não foi: sentimento comum no amor e na morte. “Life in Vain” traz uma
reflexão sobre o uso de drogas, prescritas ou não, para suportar a rotina e a
vida contemporânea: é mais fácil tomar um comprimido do que fazer uma mudança.
“Exile” trata sobre a dor da emigração forçada por conflitos
(disputas de poder, basicamente: ego).

Gostaram? O que acharam do som da banda? Deixe seus
comentários.

Um álbum recheado de coisas boas, não tem como não
gosta do som deles. Para acompanhar mais o trabalho da banda, acesse:

Ouça o EP de 2012 aqui >>
EP MINDGARDEN SOUNDCLOUD
Espero que vocês tenham gostado da minha dica de
hoje.
Beijo abraços, @maahmusic

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