Olá, leitores musicais.
Tudo bem com vocês?
Hoje tem entrevista exclusiva com a cantora
Flaira Ferro.  A cantora que vem ser
destacando nas redes sociais, lançou
recentemente o álbum de estreia “Cordões Umbilicais”. Bailarina de formação e
integrante da Antônio Nóbrega Cia de Dança, ela viu no canto mais uma
forma de expressão.
 Faz um
tempo que publiquei uma matéria sobre o trabalho dela. E fico feliz em anuncia
novamente aqui no blog, com vocês Flaira Ferro no Maah Music.

foto Bruna Coutinho Valença

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Estamos muito felizes com a presença da cantora Flaira Ferro aqui no blog. Além
de cantora, compositora você é bailarina. Conte para os leitores, como foi o
seu envolvimento com cada uma dessa área?
A
memória mais viva sobre meu envolvimento com a dança e com a música vem aos
seis anos de idade, quando brinquei meu primeiro carnaval em Recife, em 1996.
Sou de Recife e lá fevereiro é mês de tradição carnavalesca, a cidade fica em
função da festa. Há uma explosão de manifestações populares, ritmos, danças e
fantasias, o que me seduziu desde o primeiro contato.
A
dança, em especial o frevo, foi minha porta de entrada para o universo das artes.
Fui me interessando, me dedicando, e entrei na Escola Municipal de Frevo do
Recife, tive aulas com o Mestre Nascimento do Passo e nunca mais parei. Aos
poucos, conheci outras linguagens, fiz sapateado, ballet, dança contemporânea e
a dança virou profissão.
Meu
envolvimento com a música e a composição foram consequências diretas dessa
relação com o movimento corporal. Sinto que essas linguagens conversam o tempo
todo entre si, tudo passa pelo corpo.

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Queria saber um pouco mais sobre seu passado pré-musica. O que você ouvia
quando era pequena? E quando você descobriu seu amor pela musica e composição?
Por
influência dos meus pais, ouvi muita música regional na infância. Coco,
ciranda, maracatu, bumba-meu-boi, forró e frevo sempre foram ritmos presentes
na prateleira de CDs da minha casa. Só vim conhecer música internacional na
adolescência. Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Elis Regina e Raul Seixas eram
os artistas que mais tocavam no som do carro durante as viagens da família pro
interior de Pernambuco.
Meu
pai é um poeta tímido. Apesar de não seguir carreira artística, sempre gostou
de declamar poesias e escrever versos e rimas. Acredito que por influência dele
tomei gosto pela palavra escrita, falada e cantada. Compus minha primeira música
aos 8 anos e descobri esse amor quando percebi que através da composição eu
conseguia desafogar minha energia criativa. Coisas que eu não conseguia dizer
numa conversa ou ideias que eu não desenvolvia na escola iam acumulando na
minha cabeça e desaguavam em poesias e canções. Até hoje é um tipo de escape
que me ajuda a entender meus sentimentos.

foto Bruna Coutinho Valença .
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Há pouco tempo você lançou seu álbum “Cordões Umbilicais”. Como foi a escolha
do nome do álbum e do repertorio do seu novo trabalho?
O
nome do álbum veio da necessidade de dar uma imagem ao afeto. Quando vim morar
em SP tive que me reinventar para me adequar a uma cidade na qual eu não tinha
vínculos afetivos. Conheci a solidão e aliada a ela, paradoxalmente, o
sentimento de não estar só, de estar conectada com todas as pessoas, com a
criação de algo maior, o divino.
Além
das questões existenciais, minha mãe é obstetra e assisti muitos partos feitos
por ela. Um certo dia, após presenciar uma cesariana, saí inspirada e compus
uma música que nomeei Cordões Umbilicais e é também uma faixa do disco.
Quanto
ao repertório, percebi que a temática do autoconhecimento era predominante na
maioria das minhas letras. Selecionei as músicas que mais representavam meu
momento de vida e  organizei o
repertório. O disco é um estado de espírito.

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No seu álbum você traz 11 faixas de autorais. Qual música do seu cd mais te
representa?
Por
se tratar de um disco inteiramente autoral no qual a maioria das letras são
minhas, cada música é um pedaço do que sinto e penso. Sou tudo que tá lá, o que
muda é a intensidade, eu acho. Tem dias que me vejo mais numa música do que
noutra, por exemplo. Depende.

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O álbum vem com ritmos bastante brasileiros e você mistura esses ritmos.
Qual  ritmo musical mais te encanta ou
chama sua atenção?
Além
do frevo, eu tenho um carinho especial pelo caboclinho perré e pelo batuque de
umbigada. São ritmos que adoro dançar e me tocam de maneira mais visceral. 

. Como
foi o processo de composição para o álbum “Cordões Umbilicais”? Alguma
influencia em especial?
Tom
Zé, Elis Regina, Gilberto Gil, Lenine e Bjork são artistas que me influenciam
muito. Mas não teve nenhuma música que pensei em um artistas específico para
compor. Eles estão presentes de maneira inconsciente, tudo que escuto é
referência e alimenta meu processo de composição.

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No disco você contou com algumas participações especiais.  Como maestro Spok e do pandeirista Léo
Rodrigues entre outros. Como foi a escolha das participações especiais?
Conheço
Spok há 12 anos, trabalhamos juntos em vários projetos. Além de excelente
maestro e instrumentista, ele é um grande amigo que a vida me deu. Eu queria
que o disco tivesse um frevo e ninguém melhor do que ele para compor o arranjo
instrumental na faixa Bom dia, doutor cuja letra é de outro grande amigo,
Ulisses Moraes. Já Léo Rodrigues eu o conheci no Instituto Brincante e
tornamo-nos amigos rapidamente. Quando vi ele tocar fiquei encantada com a
propriedade e o domínio do pandeiro de couro. Admiro muito o trabalho dele e o
convidei pra participar na música Mundo invisível. 

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Como você descrever no geral o seu álbum?
É
uma obra de afeto e um retrato do tempo.

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Gostaríamos de saber mais sobre seu gosto musical. Quais as 6 músicas
preferidas e o por que?
Como
falei antes, cada música me representa com muita verdade e não tem nenhuma que
eu ache menos importante. Elas estão dentro de um conceito e a ideia de cada
uma agrega à mensagem do disco como um todo. Mas se eu fosse fazer um pocket
show e tivesse que escolher seis músicas, eu escolheria: Templo do tempo, Atriz
Cantora ou dançarina?, Pondera, Me curar de mim, Bom dia, doutor e
Lafalafa.  

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Fiz duas matérias sobre você aqui no blog. E as criticas foram muito positivas.
Como é para você ver  o carinho do
publico e até mesmo dos críticos musicais falando bem do seu álbum?
É
bom né? Um estímulo, sem dúvida. É gostoso compartilhar algo que ressoa em
outras pessoas de maneira positiva. A coisa vai ganhando outras dimensões,
interpretações e significados. Mas acredito que a aceitação do público nunca deve
ser o objetivo de um artista. A opinião dos outros, positiva ou não, deve ser
apenas consequência daquilo que nasce da verdade de quem cria.
 
.
Como é seu contato com o publico? Você usar muito as redes sociais para bate um
papo com os fãs? Você acha importante esse contato?
Não
gosto muito da palavra fã como denominação de alguém. Tenho a impressão de que
ela cria uma fronteira entre o público e o artista que não deveria existir.
Tenho pavor desse endeusamento do artista, essa coisa de colocá-lo num pedestal
para se admirar e contemplar, como algo inalcançável.
Sim,
uso muito as redes sociais e quem se interessa pelo meu trabalho e entra em
contato eu adoro trocar ideia. Respondo, pergunto, leio, opino, etc. E é isso
que rola, uma troca constante com quem chega junto.

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Entrevista quase no final. Quais as próximas novidades, lançamento e agenda de
show?
Recentemente
gravei dois clipes. Um da música Lafalafa, dirigido por Patrícia Black e outro
da música Me curar de mim. Em breve estarei lançando eles nas redes sociais.
Quanto aos shows, as agendas são divulgadas na fanpage e no meu site
flairaferro.com.br

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Qual mensagem você deixa para os fãs e leitores do blog?

Leiam
a autobiografia de Gandhi.    

Gostaram?
O que vocês acharam da entrevista e da indicação da cantora? Deixe seus
comentários.

Agora Flaira lança um
clipe, no qual pode, de alguma forma, unir música e dança. Escolheu a canção
“Lafalafa” 
para inspirar esse primeiro vídeo que foi gravado em junho de
2015, entre as ruas de São Paulo e o Instituto Brincante, espaço onde atua como
artista e professora. 
Os vídeos de dança solo da bailarina
Sylvie Guillem foram grandes fontes de inspiração. O minimalismo, a
simplicidade estética e a pesquisa de intenções de movimento de seu trabalho
clarearam o rumo do que seria o clipe e a performance de Flaira.
Como venho da dança
popular e o ritmo de ‘Lafalafa’ é o cavalo-marinho, mergulhei numa pesquisa de
movimentos que partissem dessa matriz. Decidimos que minha atuação se basearia
no improviso, sem coreografia definida

explica ela. Quando a música termina, o clipe ainda continua por alguns
instantes. Fique por dentro de todas as novidades sobre a cantora: 

Dá o play e se encante com a linda voz da cantora
Flaira Ferro.

E eu vou ficando por aqui, amanhã tem muito mais música para
vocês!!
Beijo,
@maahmusic. 

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