“It’s just another day…” ele cantou. Mas não, não era apenas outro dia. Não
era um dia comum. Eu estava prestes a ver a maior referência musical que
existe: o gênio Paul McCartney
.

O Blog Maah Music me levou até o Allianz Parque, no dia 26 de novembro, pra realizar
um dos meus maiores sonhos: a cobertura do show de um dos Beatles, o meu
favorito, sir Paul McCartney. Era o show de encerramento da turn
ê Out There! no Brasil em 2014. E eu que
ouvi tantas vezes que não tinha sentido escrever! Dou graças por nunca ter
desistido.. nunca imaginei o que isso me proporcionaria. Um sonho, de verdade,
ali, bem em frente a mim, sendo realizado. Que sensação indescritível.
Indescritível, sim, mas vou tentar honrar o que me trouxe até aqui hahaha vou
usar as minhas palavras pra tentar explicar toda a emoção que eu vivi.

A começar pelo sentimento “eu fui
no show de um dos Beatles”. Minha credencial de imprensa me deu acesso ao
lugar mais pertinho dele possível pra nós, mortais: a grade de frente ao palco.
A aventura começou cerca de uma semana antes do show, quando recebi em meu
e-mail a notícia mais linda, a confirmação de trabalho no evento (confirmação
essa que eu nem acreditava que fosse sair, de descrença que eu sentia no
momento da aplicação). Chorei, pulei, gritei, tremi hahaha, não dava pra
acreditar. Em alguns dias eu veria (o que eu já tinha certeza de que seria) o
show da minha vida.

A ida a São Paulo foi, de fato, uma
“viagem”. Fui no dia do evento e voltei pro Rio Grande na manhã
seguinte. Senti como se tivesse passado uma semana sem dormir. Foram horas de
molho em aeroportos, que passavam arrastadas ao mesmo tempo que corriam. Nem eu
decidia se ficava nervosa com os atrasos ou ansiosa à medida que a hora do show
se aproximava. Cheguei ao imponente Allianz Parque, a Nova Arena Palmeiras, e
fiquei de queixo caído com a estrutura e a beleza do lugar. Ignorei a chuva que
insistiu em cair por todas as horas que passei esperando para entrar na sala de
imprensa com meus colegas de profissão e seguranças, e nesse tempo trocamos
contatos, experiências, guarda-chuvas. Vimos filas quilométricas se formarem,
vimos gerações diferentes se reunindo pelo amor à música, vimos “pessoas
comuns”, “pessoas esquisitas”, fãs que choravam, que corriam,
que pintavam cartazes sentados no chão, que tinham as letras na ponta da língua
pras diversas entrevistas que aconteciam ali, a todo momento. O brilho nos
olhos de todos era pelo mesmo motivo: a oportunidade, o momento que estávamos
vivendo.


Depois de mais algumas horas, entramos
na Arena. Pude acompanhar a abertura dos portões, a corrida das pessoas na
disputa pelo melhor lugar. Observei e absorvi tudo o que pude, guardei cada
momento pra não esquecer. Vi aquele lugar encher, se iluminar enquanto o dia
abraçava a noite. E o show se aproximava. E a ansiosidade aumentava. E a minha
expectativa.. ah, ela estava prestes a ser superada.

Encontrei o meu lugar em meio a tanta
gente vinda também de longe, famílias, casais, amigos. A chuva a essa altura já
tinha cessado sua trégua e voltava a cair. O relógio marcava 21h. E nada do
Paul. Cantávamos, animados, de baixo de chuva, cheios de (recém feitas)
amizades de infância. E esperávamos.

Às 21h40, as luzes do Allianz se
apagaram. Eis que surge no palco ele, de sobretudo preto e simpatia fora do
comum, Paul.

Foram cerca de 3 horas de (muita chuva)
clássicos da época dos Wings, dos Beatles e também da carreira solo, inclusive
do último trabalho, New. Certamente o setlist mais rico que já vi. Teve
homenagem a Jimi Hendrix
, a George Harrison, a John Lennon. Pude apreciar a interpretação fiel da abertura com Magical Mystery Tour,(a partir daqui fora
de ordem) de Let It Be, Live and Let Die e toda sua pirotecnia, Hey Jude (a
minha favorita, com todos os seus “nanana”s..
♥), All My Loving, Yesterday, Blackbird, Something, Eleanor Rigby, Here
Today, Another Day, Let Me Roll It, My Love, The Long and Winding Road, Back in
the U.S.S.R., Got to Get You Into My Life, Paperback Writer, Helter Skelter,
Lady Madonna, Day Tripper, I Saw Her Standing There, Lovely Rita, My Valentine,
Get Back, Ob-La-Di, Ob-La-Da, All Together Now, Carry That Way, We Can Work It
Out, Save Us, Everybody Out There, New, Queenie Eye, entre (tantas) outras..
e o encerramento com The End. Vi
McCartney apresentando sua “banda fantástica” e suas canções em
sequência em português (“esta música que vou cantar agora escrevi com meu
amigo…”), o vi tentando entender o coro “Paul, eu te amo” da
platéia e respondendo com “eu amo vocês!”, o vi nos cumprimentando
com “e aí galera, beleza?” e nos chamando de “molecada”,
“gatinhas”, usando gírias como “vocês são muito maneiros, tá
ligado?” “é nóis” – SIM, PAUL MCCARTNEY FALANDO “É
NÓIS” – logo antes de cantar Another Day, agradecendo com
“valeu”, “muito obrigado”, o vi desdenhando a chuva e
perguntando “vocês querem mais? não querem ir pra casa?” ..e
encerrando (pela terceira vez no show, e dessa vez de verdade) com “até a
próxima!” e uma chuva de papéis nas cores do Brasil.


Sabem aquela sensação depois de um show
muito bom, de “quero maaaais”? Vou ser honesta.. ele não deixou nada
a desejar. Ele não deixou nada faltando. Posso dizer que não saí com essa
sensação daquela Arena, foi tão incrível, superou tudo o que eu imaginava,
pegou minhas expectativas e jogou pela janela, me deu algo que vou levar na
memória por toda a vida. Espero poder contar pros meus filhos sobre esse show
do cara que, aos 72 anos, foi incansável e encarava o ritmo de um show de 3
horas como se fossem 3 minutos. O que eu vivi aquela noite.. ah.. depois de
tanto tentar passar o que senti através desse texto, ainda sinto que faltam
palavras. E sempre faltarão.

PAUL, MUITO OBRIGADA. Volte sempre. ♥
Texto por: Natália Schneider




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